Pastoral Litúrgica


Este é o espaço dedicado à Pastoral Litúrgica.
Será um espaço de formação e informação para todos os que directa ou indirectamente (em)prestam o seu serviço ao ministério da liturgia.


S.D.L.(Porto)
A Proclamação da Palavra de Deus na Assembleia

Abordamos uma questão da máxima importância que, regra geral, não tem colhida uma solicitude pastoral correspondente. Confiados no ex opere operato, levamos Deus a ter que suprir os seus servos maus e preguiçosos. Não dizemos e acreditamos que quando se lêem, na Assembleia, as Escrituras, é Deus que fala? Então, ponderemos bem as condições a que temos sujeitado Deus e a Sua Palavra, por um lado, e a desnutrição a que votamos o Seu povo!
Claude Duchesneau publicou, em 1991, um pequenino opúsculo "Proclamer la Parole" onde faz algumas constatações e apresenta algumas considerações pertinentes. Fazemos ressonância de algumas.
"É verdade: em algumas paróquias, o leitor é escolhido nos três minutos que precedem a missa. Há mesmo lugares onde nem sequer é escolhido: é no próprio momento da 1ª leitura que se espera por alguém que queira decidir-se a vir fazê-la. Em favor deste procedimento, invoca-se a espontaneidade, quando não a inspiração do Espírito Santo! É também verdade que são incalculáveis as ocasiões em que os fiéis dizem quase nada terem ouvido de tal leitura! Não é, infelizmente, nem ao leitor, nem ao pároco que fazem tal reparo... Sejamos francos: a escolha de um leitor à última hora não deve acontecer a não ser em caso extremo de uma falha imprevista. Em outros casos, não é sério. Porquê?
Primeiro, o leitor não sabe o que vai dizer. Como preparação espiritual, é um pouco magro. Ou então sabe, porque espera que se lhe peça para fazer a leitura; o que significa que a escolha cai quase sempre na mesma pessoa, ou em dois ou três, e que a dita espontaneidade é uma singular limitação da liberdade dos outros. Ouve-se, por vezes, responder: "Mas, na minha paróquia, ninguém quer ler". É, contudo, bastante curioso que quem diz isso sejam precisamente aqueles de quem se diz que usurparam a função.
Depois, é evidente que se o leitor não sabe o que vai ler, não pôde fazer nenhuma anotação nem do género literário do texto, nem da sua estrutura, nem das palavras difíceis, nem das cesuras e respirações necessárias. Oh! o texto será lido na mesma. Mas terá ele "falado" aos membros da assembleia? Cumpriu-se o rito da leitura. Mas ter-se-á realizado verdadeiramente uma "liturgia da Palavra"?
Em resumo, ponhamos termo a estas anomalias e lancemos mãos ao trabalho...
Raras são as paróquias que não têm já, ao menos, dois ou três leitores. Um recrutamento para fazer crescer este número tem pouco interesse por anúncio público, impessoal, no fim da Missa. Será preferível o convite (chamamento!) dirigido, em privado, a tal pessoa que supomos capaz, que acabará por convencer.
Não interessa quem possa ler? Isso não é evidente e é uma das razões pelas quais o anúncio público deve evitar-se. Para além dos que têm algum defeito de pronúncia ou uma visão muito deficiente, certas pessoas são conhecidas pela sua natural timidez e nervosismo, ou, como se diz, por comer as palavras. Contudo, bastantes mais pessoas, com um mínimo esforço de aprendizagem... são capazes de ser leitores. Não o sabem, nem o ousam. Precisam, não que se lhes "corte as pernas", mas, ao contrário, de ser tranquilizados, prometendo-lhes ajuda. Por mais curioso que possa parecer aos habituados, ler na Missa representa para muitos um acto para o qual julgam não ter forças. Se se pede a alguém que se atire à água, sem ter aprendido a nadar, não nos admiramos que recuse.
Deus, pelo ministério dos leitores, fala na Assembleia, na nossa língua materna. Que prejuízo incalculável se, domingo atrás de domingo, a Sua palavra não se torna audível, em toda a sua riqueza expressiva e em toda a sua força, por falta de fiéis que tomem a sério este importante ministério! Como é que Pastores e Fiéis podem viver descansados perante tão anómala situação? Esfalfam-se em múltiplas actividades, esgotam-se em tantos projectos e iniciativas, quando esta é "a coisa necessária"!


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